as margens do rio Tocantins,
um grito de dor
corta todo o marasmo
Dentro de um casarão
todos acordam.
Muitos são irmãos que ali moram
com os olhos arregalados
procuram uma resposta
De repente a mãe chama o maior e diz:
Vá Chamar a vovó Bereca,
o filho sai no afão de ter
uma resposta para aquilo tudo.
Ao abrir a porta ele lembra
que ainda é madrugada,
aí vem o medo de sair
e olhar para o céu
e ver um caixão ao lado da lua.
E em seguida ter que passar
no beco da Domingona,
pois todos dizem que é de lá
que saem as ''Martintas Pereira''.
E o rio! Sempre paralelo a rua
Aquela hora podia a qualquer momento
emergir o Negro D'água.
O filho para ao abrir a porta de casa,
pensa, treme e faz uma pequena oração.
Em seguida corre em disparada,
e logo chega a casa da vovó Bereca
Bate na porta, vovó Bereca parecia ja saber de tudo.
O filho afobado tenta exolicar,
vovó se levanta de uma cadeira,
apoia seu braço trêmulo no ombro do menino assustado.
Dá um sorriso com sua boca funda sempre a mastigar,
na gengiva só um dente,
talvez marcando as eras daquele rosto cansado.
Começa a viagem de volta
o trajeto é pequeno.
Mas vovó já um pouco corcunda
e com seus passos lentos,
faz com que o rapaz lhe faça
outras perguntas para tentar esquecer o medo.
Vovó porque isso sempre acontece com a mamãe ?!
Filho, enquanto seu papai e sua mamãe
estiverem juntos....
A cegonha sempre vai aparecer lá.